terça-feira, 7 de julho de 2009

Laranja-poente

Era uma vez um montinho de lama, lodo e algas podres, disforme e mal-cheiroso. Era um agregado nojento de matéria em decomposição, um lar agradável de bactérias e fungos patogénicos e um iman eficaz de mosquitos infectados e insectos asquerosos.
Movia-se pelas ruas, espalhando o caos, o fedor e a sujidade. Entupia vias, bloqueava soluções e impedia pensamentos.
Ninguém poderia prever que este lixo era um ser vivo capaz de elaborar raciocínios por isso ninguém percebia porque é que ele, sem hesitação, depois de ter atravessado a cidade de uma ponta a outra, mergulhava no rio.
Não demoraram a perceber que a água que recebia aquele monstro nunca mais seria a mesma. O que eles nunca iriam perceber era como é que uma raposa tinha saído tão limpa de dentro daquela água.
Por razões do destino a única pessoa a ver essa raposa foi a criança do vestido vermelho, cabelo preto e ar triste a quem ela pertencia. E ela percebia perfeitamente tudo o que se tinha passado nessa tarde. Abraçou a raposa, contou-lhe um segredo e voltaram ao início.

3 comentários:

Salomé Gonçalves disse...

Bocadinhos de princepezinho e bocadinhos de estado de espírito nhec...

=)

Unknown disse...

Wooow! Eu também fui para a água. E fiquei a nadar x)

Anônimo disse...

Isso está engraçado e intrigante...