sábado, 20 de junho de 2009

Done.

A luz laranja-poente que invadia aquele espaço parecia deslocada da situação. Uma espécie de silêncio reinava ali dentro e tudo parecia ter uma coloração acinzentada. Tudo execepto aquela luz a tornar-se pálida que já mal iluminava a caixa que tinha em mãos.
Se alguma vez existiu um objecto que desafiasse as leis do universo teria de ser aquela caixa. Mais do que partículas atmosféricas ou moléculas de supostos materiais tinha sido ali guardado tempo. Era possível encontrar anos de uma vida naquela pequena área. Guardado como uma arca de tesouro o pequeno bau encerrava toda uma etapa de crescimento da vida de alguém e tal como uma arca de tesouro parecia encerrar uma maldição, um qualquer feitiço. Ela não acreditava em nada disto, claro, mas a verdade é que se sentia presa àquela caixa, como um âncora. Sentia que era altura de se ver livre do seu conteúdo. Seria a primeira pessoa a destruir tempo. Mas não o podia fazer ali, havia demasiada agitação, não se conseguia concentrar. Pegou na caixa e saiu porta fora, passou na cozinha e deitou as mãos a algo. Entrou no carro e conduziu para longe, para o mar. Na praia ajoelhou-se e deixou cair o fósforo dentro da caixa. Via o tempo a ser queimado, via as folhas de recordações a arder. Ardeu tudo. Talvez algo novo venha a renascer das cinzas.

2 comentários:

Salomé Gonçalves disse...

Ainda não queimei a minha...
*suspiro*

Leonor e Rita disse...

tambem tenho uma caixa de pandora... mas vão ter de se passar muitos anos para a queimar. Talvez mais tarde...
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