domingo, 15 de março de 2009

Quando a cabeça não tem juízo...

Era uma bela colina. Um daqueles pormenores numa paisagem que ninguém pode ignorar. "Verdejante", diriam os autores de escrituras complexas e demasiado intelectuais que estripariam o sentido de uma boa paisagem (algo para se ver, não para se ler). Mas sigamos ao que nos traz aqui: conhecem aquela estúpida expressão de que "vão rolar cabeças"? Uma expressão um pouco patética diria eu... Ainda assim, e ironicamente estava mesmo uma cabeça a rolar colina abaixo. Era uma cabeça de alguém, isso era certo e seguia entretida numa corrida colina abaixo. Quem olhasse para a cabeça não diria que estava divertida, talvez pelo esgar de dor do anterior dono eternamente capturado num amontoado de músculos e ossos ou talvez porque (diriam os mesmos autores) uma cabeça por si só não tem com que se divertir. Finalmente livre dos tendões que a prendiam ao corpo idiótico de um humano apático e algo anafado, estava feliz (na medida em que uma cabeça é capaz de estar feliz quando separada do corpo, o que vendo bem, ainda é alguma coisa.)

As crianças no parque infantil olhavam divertidas para aquilo que parecia uma bola disforme a saltitar campo fora, colina abaixo. Os adultos que olhavam pelas crianças discutiam a irresponsabilidade de se deixar uma bola rolar e saltitar colina abaixo. Imaginemos por momentos o que pensariam se soubessem que era uma cabeça...

À medida que ia ganhando velocidade, a cabeça pensava na antiga vida que tinha tido. Não tinha sido nada de especial, uma vida normal (pelo menos até ter sido degolada) mas agora era uma cabeça livre, uma coisa rara nos dias de hoje, essa coisa de se ser livre... A colina parecia estar a terminar. Um ressalto depois estava agora no meio de uma auto-estrada, a saltitar entre bermas. Segundos depois lá parou. Mesmo no meio de uma faixa.

O camionista ia despreocupado. A carga estava bem posta e estava a conseguir cumprir o horário.

A cabeça viu o monstro metálico aproximar-se
O camionista viu o objecto estranho no meio da estrada.
A cabeça pensou "FOOOOGE!" mas as pernas não se mexeram.
O camionista analisou melhor o que lhe parecia seu um obeso animal
"Merda, as pernas ficaram com o corpo."
"Espera lá! Aquilo é uma cabeça!"

SPLHERGHSH

Se calhar ser uma cabeça sem corpo não é assim tão bom...

5 comentários:

Salomé Gonçalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Salomé Gonçalves disse...

LOL
Não, cabeças sem corpo não funcionam muito bem... Mas e o que aconteceu ao corpo? Conta!...

mel.e.drama disse...

Ai Zé, tens mesmo de me mostrar a tua caixinha de ideias..!
É verdade, a cabeça que viaje, masbem eassente no corpinho.

Leonor e Rita disse...

Ahahahahahahaha! Brutal!

Parti-me a rir com o último pensamento do camionista.

Muito bom! :)

*Blossom*

Brid disse...

EPAH... TA BRUTAL! LOL